O Jornal Nacional teve
acesso ao inquérito entregue nesta sexta-feira (14) ao Ministério Público do
Rio sobre a morte do cinegrafista da TV Bandeirantes. Santiago Andrade morreu
ao ser atingido por um rojão, no dia 6 de fevereiro, durante uma manifestação
no Centro. Caio Silva de Souza e Fábio Raposo foram indiciados por homicídio
com dolo eventual — porque, segundo a polícia, assumiram o risco de matar.
Oito dias de investigação policial resultaram em um
inquérito de 175 páginas. O documento foi entregue ao Ministério Público pelo
delegado Maurício Luciano, responsável pelas investigações. A promotoria tem
cinco dias úteis para apresentar a denúncia à Justiça ou pedir novas
investigações à polícia.
No relatório final do inquérito, o delegado afirma
que "não há dúvida que Fábio Raposo e Caio Silva de Souza agiram em
comunhão de esforços e objetivo comum, assumindo o risco de produzir o
resultado do crime de homicídio” (veja
a íntegra do relatório no fim desta reportagem).
Ele ressalta ainda que um dos agravantes foi o modo
como a vítima foi alvejada: de costas para o artefato, impossibilitando
completamente a sua defesa. Caio e Fábio cumprem prisão temporária de 30 dias,
prorrogáveis por mais 30, em cadeias públicas no Complexo de Bangu.
Depoimento
incluído no inquérito
Nesta sexta, o delegado entrou com pedido para que a prisão temporária seja convertida em preventiva. Assim, os dois ficariam presos por prazo indeterminado. O depoimento que Caio de Souza prestou na cadeia, em que acusa Fábio Raposo de ter acendido o rojão que matou o cinegrafista Santiago Andrade, foi incluído no inquérito.
Nesta sexta, o delegado entrou com pedido para que a prisão temporária seja convertida em preventiva. Assim, os dois ficariam presos por prazo indeterminado. O depoimento que Caio de Souza prestou na cadeia, em que acusa Fábio Raposo de ter acendido o rojão que matou o cinegrafista Santiago Andrade, foi incluído no inquérito.
O advogado que defende os dois suspeitos foi nesta
sexta-feira ao Complexo de Bangu para saber em que circunstâncias este
depoimento de Caio de Souza foi tomado. Na saída, depois de conversar com os
dois clientes, o advogado disse que Caio foi acordado de madrugada para falar
com os policiais.
"Acordado pelos agentes penitenciários, na
presença de seis homens, de madrugada, para prestar um depoimento, sendo que
ele já tinha se reservado o direito de só falar em juízo, é uma violação grave.
Foi coagido psicologicamente a prestar este depoimento da seguinte forma: ‘É
bom pra você falar, que vai ser bom pra sua defesa. Vai ser bom pra você porque
o Fábio está lhe acusando’. Isso eu ouvi do Caio. Houve um constrangimento
ilegal. Esse inquérito, se não for todo nulo, esse depoimento é nulo’”,
afirmou.
Delegado nega
coação
O delegado negou que Caio tenha sido coagido a falar. "Ele não foi pressionado, ele pediu pra falar. Talvez ele tenha querido falar longe do advogado”, disse.
O delegado negou que Caio tenha sido coagido a falar. "Ele não foi pressionado, ele pediu pra falar. Talvez ele tenha querido falar longe do advogado”, disse.
O advogado Jonas Tadeu disse que pedirá o habeas
corpus em favor dos clientes nos próximos dias e que quer o Ministério Público
e a Ordem dos Advogados do Brasil ouçam Caio Silva de Souza para confirmar o
que aconteceu.
Fábio muda versão
O advogado contou que conversou com Fabio Raposo no presídio. Segundo Jonas Tadeu, Fábio mudou a versão de como conseguiu o rojão. Ele agora afirma que não encontrou o artefato no chão, mas recebeu de outro manifestante.
O advogado contou que conversou com Fabio Raposo no presídio. Segundo Jonas Tadeu, Fábio mudou a versão de como conseguiu o rojão. Ele agora afirma que não encontrou o artefato no chão, mas recebeu de outro manifestante.
"Ele falou: 'Doutor, um detalhe, eu não achei
o rojão no chão. Assim que eu cheguei na manifestação, o rojão me foi entregue.
Falaram que era um sinalizador e eu, junto com o Caio, acendemos'."
A Secretaria de Administração Penitenciária (Seap)
do Rio informou que autorizou que Caio Silva de Souza fosse ouvido pelos
policiais no presídio.
Do G1 Rio, com informações do Jornal Nacional
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