Danilo Menezes e Moura, ídolos de ABC e América-RN (Foto: Edmo Nathan/Divulgação)
O primeiro jogo entre América-RN e ABC na Arena das Dunas vem carregado de rivalidade e também de memórias. Os dois maiores times do Rio Grande do Norte se enfrentam pela primeira vez em 2014. Neste domingo, ídolos dos gramados potiguares estarão vivendo mais uma vez a história do Clássico Rei sob um outro ângulo: da torcida. De um lado, o ex-meia uruguaio Danilo Menezes, destaque da equipe abecedista na década de 70, ao lado de craques como Alberi e Marinho Chagas. Do outro, o eterno camisa 10 do Mecão, Moura, o exímio cobrador de faltas que se tornou funcionário do clube após pendurar as chuteiras em 2001. De lá para cá, já exerceu várias funções, inclusive a de treinador. Hoje é gerente de futebol do clube.
Moura brilhou no alvirrubro no final dos anos 90, ainda na era Machadão, que foi demolido para a construção da Arena das Dunas. Recém chegado ao time, em 1996, o jogador, então com 32 anos, protagonizou o Clássico Rei na final do segundo turno do estadual daquele ano. O gol marcado por ele nos últimos minutos do jogo garantiu ao Mecão a vitória sobre o arquirrival e uma vaga para disputar o título do Campeonato Potiguar justamente contra o ABC, que havia vencido o primeiro turno da competição.
- Um dos clássicos que ficou na minha memória foi este de 96. Eu vinha do Sport e lembro que no primeiro turno o América não se classificou nem entre os quatro primeiros. O ABC venceu o primeiro turno e a gente ficou na obrigação de vencer o segundo para não deixar o ABC ser campeão direto. E eu tive a felicidade de marcar um gol de falta no final da partida e garantir o titulo para o América - relembra Moura.
- Um dos clássicos que ficou na minha memória foi este de 96. Eu vinha do Sport e lembro que no primeiro turno o América não se classificou nem entre os quatro primeiros. O ABC venceu o primeiro turno e a gente ficou na obrigação de vencer o segundo para não deixar o ABC ser campeão direto. E eu tive a felicidade de marcar um gol de falta no final da partida e garantir o titulo para o América - relembra Moura.
Moura reinou no final da década de 90 com a camisa do América-RN (Foto: Tiago Menezes)
Depois disso, os americanos levaram o título do Campeonato Potiguar de 1996 em cima do ABC pelo placar de 1 a 0, com gol de Vanderley. Carlos Moura Dourado lamentou não ter feito o gol, mas comemorou a conquista ao lado dos companheiros e guarda o momento na memória até os dias de hoje.
- Aquele ano ficou marcado para mim. Chegar no time e já ajudar a conquistar o título foi muito importante - confessa Moura.
De uma geração diferente, mais antiga, o uruguaio Danilo Menezes fez parte de um time histórico do ABC na década de 70. O ex-meia dividiu o gramado com ícones abecedistas como Marinho Chagas e Alberi. Para Danilo, o clássico mais marcante aconteceu em 1973, no Machadão, que na época ainda era chamado de Castelão. Neste ano, o Campeonato Potiguar foi disputado em três turnos, todos vencidos pelo ABC. O terceiro e último turno, que era o tudo ou nada para o América, chegou na ultima rodada em condições de igualdade entre os rivais e Danilo lembra com detalhes de uma história curiosa que pode ter definido o rumo da partida.
Danilo Menezes brilhou com a camisa do ABC na década de 70 (Foto: Canindé Soares)
- Neste ano, a diretoria do ABC fez uma proposta salarial dizendo que teríamos que chegar no final de cada turno, no mínimo, empatados com o América. Nós vencemos os dois primeiros. O treinador do América, na época, era um carioca. Ele trouxe um 'feiticeiro' da Bahia e levou os jogadores para o cemitério do Alecrim. Lá, o 'feiticeiro' disse que o Santa Cruz, o artilheiro do campeonato com 22 gols, tinha 'maus fluídos' e que iria prejudicar a equipe - conta Danilo.
O técnico do América seguiu o conselho, sacou o artilheiro do time e tomou quatro gols do ABC ainda no primeiro tempo. Jorge Demolidor marcou dois. Libânio e Moraes completaram a goleada na primeira etapa. No segundo tempo, o América ainda conseguiu diminuir e marcou dois gols no finalzinho da partida. O ABC conquistou o título de tetracampeão invicto da temporada de 1973.
- No intervalo, procuraram o 'feiticeiro' no estádio e mandaram ele de volta para a Bahia. O técnico colocou o Santa Cruz no time e ele ainda conseguiu fazer dois gols. Mas aí não tinha mais jeito. Nós fomos campeões - recorda.
O técnico do América seguiu o conselho, sacou o artilheiro do time e tomou quatro gols do ABC ainda no primeiro tempo. Jorge Demolidor marcou dois. Libânio e Moraes completaram a goleada na primeira etapa. No segundo tempo, o América ainda conseguiu diminuir e marcou dois gols no finalzinho da partida. O ABC conquistou o título de tetracampeão invicto da temporada de 1973.
- No intervalo, procuraram o 'feiticeiro' no estádio e mandaram ele de volta para a Bahia. O técnico colocou o Santa Cruz no time e ele ainda conseguiu fazer dois gols. Mas aí não tinha mais jeito. Nós fomos campeões - recorda.
TEMPOS DE GLÓRIA
O duelo deste domingo será o primeiro Clássico Rei a ser realizado na Arena das Dunas, o estádio que foi construído para receber os jogos da Copa do Mundo em Natal. Moura admite que o local "inspira profissionalismo" dentro e fora de campo e que, apesar de toda a modernidade da praça esportiva, sempre vai lembrar com saudade do bom e velho Machadão.
- Saudade eu sempre vou ter, porque vou sempre lembrar de onde eu joguei. A gente sente falta, mas para o futebol a arena é excelente. Em termos de estrutura e acomodação, o lugar é um espetáculo! Todo jogador gostaria de jogar lá. Pena que na minha época não tinha isso - comenta Moura.
Moura e Danilo Menezes se encontraram nas obras da Arena das Dunas (Foto: Edmo Nathan)
Segundo Danilo Menezes, seria injusto comparar os dois estádios, em termos de acomodação, logística e acessibilidade para o torcedor. Se o Machadão se apresentava como um dos melhores estádios do Brasil na década de 70, hoje em dia "as ambições são outras" e a Arena das Dunas quer estar entre os melhores estádios do mundo. Como esportista, ele não nega o desejo de ter uma estrutura como a da arena nos seus tempos de glória.
- Lógico que dá vontade de jogar. Quando fui lá pela primeira vez fiquei vendo o estádio, sentei no gramado... Hoje não tenho mais capacidade de participar de um jogo, mas tenho simplesmente a vontade de que o torcedor de hoje possa ir ao clássico com o mesmo propósito do torcedor da minha época, quando eles iam apenas para torcer, sem briga, sem violência, em um clima de confraternização. Eu tive a felicidade de jogar aqui em Natal em uma época em que as torcidas saíam juntas do Castelão (Machadão), conversando sobre a atuação de um outro jogador. Afinal, futebol não é uma briga pessoal. É simplesmente uma discussão amigável entre duas equipes dentro do campo - concluiu Danilo.
- Lógico que dá vontade de jogar. Quando fui lá pela primeira vez fiquei vendo o estádio, sentei no gramado... Hoje não tenho mais capacidade de participar de um jogo, mas tenho simplesmente a vontade de que o torcedor de hoje possa ir ao clássico com o mesmo propósito do torcedor da minha época, quando eles iam apenas para torcer, sem briga, sem violência, em um clima de confraternização. Eu tive a felicidade de jogar aqui em Natal em uma época em que as torcidas saíam juntas do Castelão (Machadão), conversando sobre a atuação de um outro jogador. Afinal, futebol não é uma briga pessoal. É simplesmente uma discussão amigável entre duas equipes dentro do campo - concluiu Danilo.
O ÚLTIMO CLÁSSICO DO MACHADÃO
O último Clássico Rei realizado no Estádio Machadão, demolido para a construção da Arena das Dunas, foi realizado no dia 13 de fevereiro de 2011. O ABC venceu o América-RN por 1 a 0, com gol de Leandrão. A informação foi confirmada pelo pesquisador Marcos Trindade. A partida teve arbitragem de Ítalo Medeiros, auxiliado por Eduardo Lincoln Neves e Luiz Carlos Câmara Bezerra.
Por Klênyo GalvãoNatal
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