quinta-feira, 19 de março de 2015

Jornalismo da Globo passa por “Revolução Silenciosa” e alcança a perfeição

Globo: Jovem aos 50 anos
Globo: Jovem aos 50 anos
Alguém um dia disse que “falar com uma multidão é a parte fácil. O difícil é ser ouvido por ela”. Aparentemente atentos a esta máxima, o jornalismo da Globo encontrou um dos itens mais cobiçados pela mídia: A linguagem ideal.
Num cálculo milimétrico, os telejornais da emissora abandonaram termos rebuscados, abraçaram a simplicidade e passaram a ser ouvidos pela multidão que sempre os assistiu. A nova postura foi certeira e não caiu em nenhuma das armadilhas encontradas no meio do caminho.
A simplicidade não se tornou pobreza; a popularidade não gerou populismo; a informação ganhou nova roupagem sem perder o antigo conceito. Em suma, o jornalismo global se tornou pop sem deixar de sercult.
Do graduado ao analfabeto, todos conseguem entender o que Bonner fala. O mérito, porém, está longe de ser apenas do âncora, mas engloba toda a equipe invisível responsável por esta revolução silenciosa.
Durante os telejornais da Casa, infográficos traduzem os dados com precisão e uma direção de arte afiada ilustra as matérias de forma vívida, traduzindo-as através de imagens sólidas e sintéticas, mas também descontraídas e criativas.
Tradução, aliás, parece ser a nova palavra-chave do setor, que através de um processo gradual e coletivo, começa a ultrapassar as fronteiras dos televisores da sala de estar.
William Bonner e Renata Vasconcellos se divertem no "JN"
William Bonner e Renata Vasconcellos se divertem no “JN”
Para os desatentos, os selfies descontraídos postados por William na página do “Jornal Nacional” noFacebook podem parecer uma mera brincadeira de alguém com tempo de sobra. Ledo engano.
Ao expôr os bastidores de seus telejornais nas redes sociais, a Globo deu aos internautas aquilo que estes mais amam: Interatividade e descontração. O “JN”, o “JH” e o “JG” (apelidos que passaram a ser utilizados pelos próprios âncoras no ar) deram aos seus fãs a sensação – ilusória, dirão alguns - de serem seus colegas.
Os pequenos vídeos com os âncoras compartilhando os destaques de seus respectivos telejornais, além das fotos com plaquinhas e sorrisos, se tornaram virais e deram à Globo uma característica que durante anos foi a sua maior carência: Humanidade.
Sim, seu jornalismo é 100% sério. Sim, o trabalho é pesado. Mas os selfies mostraram que até mesmo o William Waack pode sorrir de vez em quando. Começava ali uma nova forma de dialogar. A antiga “multidão” era pela primeira vez tratada como um “conjunto de indivíduos”.
Evaristo e Sandra têm o prestígio do público do "JH"
Evaristo e Sandra têm o prestígio do público do “JH”
Todo este trabalho de bastidores seria neutralizado caso não fosse abraçado pelos âncoras, responsáveis pela tradução (olha ela aí de novo) da linha editorial de um jornal. Na Globo de 2015, porém, este risco parece estar longe de ser uma ameaça.
Todas as principais duplas de âncoras da Casa se complementam e atuam em unidade. Pela manhã, Chico Pinheiro e Ana Paula Araújo dão o tom ideal do “Bom Dia Brasil”, com o ar canastrão do veterano se contrapondo com maestria à agilidade da colega.
À tarde, Sandra Annenberg e Evaristo Costa – ou, simplesmente, Sandra e Evaristo – são praticamente uma unanimidade e deram ao “Jornal Hoje” identidade própria, tornando-se, sem sombra de dúvidas, a dupla mais querida do jornalismo brasileiro.
Com William Bonner e Renata Vasconcellos, o “Jornal Nacional” também se (re)encontrou e, graças à coleção de fatores destacados acima, livrou-se da impessoalidade, seu histórico ponto fraco. Facilmente traduzível, o “JN” aprendeu a cativar o público que antes o assistia por pura “paralisia remotal”.
Por fim, o “Jornal da Globo” encerra a noite com um William Waack preciso em seus comentários e uma Christiane Pelajo que parece ter sido feita para aquela bancada. Afinada, a dupla obtém uma conquista rara: Cativar o público sem recorrer a excessos.
"Jornal da Globo" traz credibilidade às madrugadas da TV
“Jornal da Globo” traz credibilidade às madrugadas da TV
A atual Era de Ouro do jornalismo global também é composta por colunistas e colaboradores que, embora não sejam titulares, exercem papéis fundamentais no time.
Neste quesito, o “Jornal da Globo” salta na frente dos colegas com uma equipe que reúne o impecável Heraldo Pereira, exímio tradutor do universo de Brasília, além de Carlos Eduardo Sardenberg, tradutor de economia; Nelson Motta, tradutor musical, e Arnaldo Jabor, que tenta traduzir o mundo que nos rodeia.
Na outra ponta da grade, o “Bom Dia Brasil” também brinda o público com as aparições e comentários de Renato Machado, Giuliana Morrone e Rodrigo Bocardi, trio que compõe um “meio de campo” sob medida para o bom andamento do telejornal.
O “Jornal Hoje”, repleto de séries especiais e quadros informativos, também tem na equipe um de seus principais trunfos. Mais reservado neste aspecto, o “Jornal Nacional” não possui colunistas, mas compensa este vazio apostando num time de repórteres repleto de tons peculiares e marcas registradas.
A Revolução trouxe aos telejornais da Globo uma notícia repleta de ângulos e, principalmente, de vértices. O público, carente de ambos, só tem a agradecer.
Sintonia da equipe é a alma do "Bom Dia Brasil"
Sintonia da equipe é a alma do “Bom Dia Brasil”
Por fim, o grande alicerce de toda esta excelência está nas pautas. Na Globo, cada telejornal parece conhecer o público com o qual dialoga e saber exatamente o que precisa traduzir.
Dosada com maestria, a linha editorial dos jornalísticos mescla informações de diversos gêneros, deixando cada produto com “a sua cara” e simultaneamente tendo a visão da emissora como “marca d’água” de cada matéria.
Nem tão sangrento quanto o “Jornal da Record”, nem trivial como o “SBT Brasil”. Os jornais da Globo transitam com sucesso entre os excessos, equilibrando-se num admirável – e digno de aplausos – meio termo.
“O que dizer”“a quem dizer” e “como dizer”. Estas são as três perguntas básicas que um telejornal deve se fazer. E, após 50 anos de vida, o canal dos Marinho finalmente descobriu a resposta de todas elas.

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